Posts filed under ‘Politica’

Corrupção no SIGIC

Recentemente veio a público a notícia de terem sido detetados pela Inspeção-geral das Atividades de Saúde “vários casos de médicos do Serviço Nacional de Saúde (SNS) que receberam incentivos para a realização de cirurgias no âmbito do Sistema Integrado de Gestão de Inscritos para Cirurgia (SIGIC), mas que as realizavam dentro do normal horário de trabalho” (link). Vergonhosamente, esta realidade não é novidade para quem anda nos meandros dos blocos operatórios desde que foi implementado este sistema de incentivos. O SIGIC tem e teve um papel importante, os seus objetivos são claros e a metodologia transparente, o grande problema é a completa desinibição ética e moral de um, quero crer, pequeno número de profissionais de saúde. Não falamos apenas de médicos, sejamos claros.

Quero, no entanto, relevar algumas considerações do nosso ministro da saúde quando interpelado a propósito:

“Nós estamos a falar, de facto, de verbas indevidamente pagas. Há um conjunto de orientações que foram dadas, quer de instauração de processos disciplinares, quer de orientações concretas aos conselhos de administração – que é quem conhece esta realidade de perto -, quer também o pedido de um novo balanço, no sentido de apurar as responsabilidades e diferenças, que terá de ser entregue ao Ministério da Saúde pela Inspeção-Geral das Atividades em Saúde, nos próximos meses”, disse o ministro. […] Questionado sobre possíveis consequências criminais, Paulo Macedo negou, alegando que estão em causa matérias de responsabilidade civil e, eventualmente, de natureza disciplinar.”

Espero que o sr.º ministro não fique pelos processos disciplinares. Entenderá, também, e necessariamente, proceder judicialmente para que o Estado seja ressarcido, bem como instaurar inquéritos e processos disciplinares aos administradores que compactuaram ou permitiram, de forma voluntária ou involuntária, este embuste. Esperemos pelos próximos episódios…

[publicado no Plano de Cuidados]

Março 28, 2013 at 2:29 am Deixe um comentário

Sócrates

[José+Sócrates.jpg]

Simpatize-se ou não com o personagem, julgo ser consensual que este senhor é um monstro do panorama político português. Até aqui nada de novo, tal como o esperado neste regresso à ribalta (link), e de uma assentada, atingiu todos os estrategas do governo, dizimou Cavaco Silva e demonstrou a António José Seguro como se faz oposição.  É impressionante como uma figura tão fragilizada e estereotipada negativamente na praça pública consegue revitalizar-se e abrir velhas feridas. Possa ser ele o eterno responsável da desgraça que aconteceu a Portugal e, nem isso, invalida que quando fala faça tremer toda a oposição, interna e externa. Todo o mediatismo que encerrou o seu regresso não deixa de ser curioso. Por um lado verifiquei que muitos indignados não aceitam a utilização de dinheiros públicos da RTP a financiar os comentários de um ex-Primeiro Ministro negligente, por outro lado, brada-se aos céus pela democracia e vergonha na cara. Ora, se o problema é o dinheiro tenham os indignados a certeza que este será talvez o negócio mais rentável da RTP nos últimos tempos, quanto à democracia e à vergonha na cara vejamos que existe uma panóplia de comentadores em horário nobre, na sua maioria de direita, e com responsabilidades governativas anteriores que também têm culpas no cartório. De facto, o regresso de José Sócrates a Portugal e à televisão constitui a única e irrepreensível forma de encostá-lo à parede e tentar responsabilizá-lo. Serão disso capazes? Será esse o problema?

Março 28, 2013 at 1:25 am Deixe um comentário

Espero que não.

União Europeia morreu em Chipre.

Quando as tropas norte-americanas libertaram os campos de extermínio nas áreas conquistadas às tropas nazis, o general Eisenhower ordenou que as populações civis alemãs das povoações vizinhas fossem obrigadas a visitá-los. Tudo ficou documentado. Vemos civis a vomitarem. Caras chocadas e aturdidas, perante os cadáveres esqueléticos dos judeus que estavam na fila para uma incineração interrompida. A capacidade dos seres humanos se enganarem a si próprios, no plano moral, é quase tão infinita como a capacidade dos ignorantes viverem alegremente nas suas cavernas povoadas de ilusões e preconceitos. O povo alemão assistiu ao desaparecimento dos seus 600 mil judeus sem dar por isso. Viu desaparecerem os médicos, os advogados, os professores, os músicos, os cineastas, os banqueiros, os comerciantes, os cientistas, viu a hemorragia da autêntica aristocracia intelectual da Alemanha. Mas em 1945, perante as cinzas e os esqueletos dos antigos vizinhos, ficaram chocados e surpreendidos. Em 2013, 500 milhões de europeus foram testemunhas, ao vivo e a cores, de um ataque relâmpago ao Chipre. Todos vimos um povo sob uma chantagem, violando os mais básicos princípios da segurança jurídica e do estado de direito. Vimos como o governo Merkel obrigou os cipriotas a escolher, usando a pistola do BCE, entre o fuzilamento ou a morte lenta. Nos governos europeus ninguém teve um só gesto de reprovação. A Europa é hoje governada por Quislings e Pétains. A ideia da União Europeia morreu em Chipre. As ruínas da Europa como a conhecemos estão à nossa frente. É apenas uma questão de tempo. Este é o assunto político que temos de discutir em Portugal, se não quisermos um dia corar perante o cadáver do nosso próprio futuro como nação digna e independente.

Viriato Soromenho Marques, no DN (link).

Março 27, 2013 at 1:35 am Deixe um comentário

Licenciatura

A palavra acima significa precisamente o quê? O seu significado foi alterado ou é suscetível a várias interpretações?

É no mínimo hilariante observar que um daqueles que mais criticaram o programa ‘Novas Oportunidades’ tenha sido licenciado por métodos incomparavelmente redutores quando comparados com a metodologia utilizada por esse programa.

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Julho 20, 2012 at 4:30 am Deixe um comentário

Jerónimo Martins/Provedoria do Cliente

Cara Dr.ª Margarida M. Ramalho,
 
Atendendo às responsabilidades inerentes ao seu mandato no grupo Jerónimo Martins – Provedoria dos Clientes – e na minha qualidade de eminente ex-cliente das superfícies Pingo Doce exploradas pelo grupo atrás referido e que sua Exa. representa quero manifestar-lhe o meu desagrado com acontecimentos recentes e deixar algumas questões.
 
No passado dia 01 do presente mês, as superfícies Pingo Doce lançaram uma promoção de 50% de desconto em todos os produtos cuja soma totalizasse uma quantia superior a 100€, deste modo assinaram a mais ambiciosa estratégia de vendas do sector de que há memória (pelo menos, na minha memória). Se, única e exclusivamente, de marketing se tratasse estaria neste momento a parabenizar a estrutura que representa, no entanto, a manobra referida vai muito além de uma estratégia de marketing e passo a explicar.
 
Abrir as portas deste tipo de superfícies com preços pela metade num feriado nacional (sublinhe-se, por agora, que a maioria da população não trabalha) configura-se em acto irresponsável e criminoso (assim espero, que o digam as instituições próprias). Neste período de crise económica transversal à classe média e baixa portuguesas qualquer pessoa anteciparia os possíveis efeitos nefastos desta manobra.
 
Vejamos:
– desrespeito pela dignidade dos seus clientes habituais;
– uma afluência gigantesca às superfícies Pingo Doce que desrespeitou a dignidade das pessoas e lançou o pânico;
– a escassez de recursos humanos para um atendimento digno e capaz;
– a inobservância do incremento de medidas de segurança para evitar acontecimentos como desacatos e agressões (que ocorreram em várias superfícies);
– e o total desprezo pelos riscos associados à concentração de grandes massas em locais restritos.
 
De forma alguma tocarei nas questões políticas que possam associar-se ao dia do ‘acontecimento’ que refiro – o dia do Trabalhador, o dia 1 de Maio -, concerteza as conhecerá, cinjo-me apenas à irresponsabilidade que a cadeia Pingo Doce demonstrou ao permitir as adversidades que acima enumero a título de negócio que implica lucro. Deste modo, enquanto cliente venho questioná-la na esperança de que as suas respostas possam afigurar-se capazes de manter o meu estatuto:
 
1) Que medidas de segurança adicionais – em comparação com o dia-a-dia comum – foram encetadas nas superfícies Pingo Doce no dia 1 de maio?
2) Que acções serão levadas a cabo para ressarcir os clientes que foram prejudicados graças ao caos provocado?
3) Quem pagará as acções da Polícia de Segurança Pública em várias superfícies Pingo Doce pelo país inteiro?
4) Se a marca Pingo Doce pode oferecer descontos pontuais de 50% porque não repetir estas promoções frequentemente?
5) Quais os motivos para a promoção ser oferecida num feriado nacional?
6) Qual o vínculo dos trabalhadores do Pingo Doce a laborar no dia 1 do presente mês?
7) Qual a compensação oferecida aos trabalhadores do Pingo Doce por laborarem num feriado?
 
Desculpe a ignorância pautada nas perguntas que lhe dirijo. 
Desde já agradeço a sua compreensão,
Com os melhores cumprimentos,
Daniel Rodrigues
02-Maio-2012

Maio 2, 2012 at 5:00 pm 3 comentários

A reclamar…

Provedoria do Cliente Jerónimo Martins

Telefone: 808 209 920
E-mail: provedoria@jeronimo-martins.pt (canal preferencial para primeiro contacto)
Morada: Rua Actor António Silva, nº 7 1600-404 Lisboa

Maio 2, 2012 at 3:57 pm Deixe um comentário

1 de Maio


A Jerónimo Martins quer reescrevê-lo com outras cores.

Maio 1, 2012 at 7:22 pm Deixe um comentário

Uma questão.

Se é possível oferecer descontos de 50% num dia porque não oferecê-los nos seguintes?

Maio 1, 2012 at 7:19 pm Deixe um comentário

Es.Col.A

Imagine-se um bairro, situado numa zona degradada do centro de uma grande cidade. Nesse bairro existe uma escola, propriedade da autarquia, que foi encerrada há cinco anos. Onde antes se ouviam as crianças, na hora do recreio, passou a reinar o silêncio. E o edifício degrada-se: desocupado e moribundo, não tem perspectivas de voltar a ganhar vida.

Imagine-se também que um grupo de cidadãos, interessados pela cidade em que vivem, pretende fazer trabalho comunitário, junto de pessoas que podem beneficiar do seu apoio. Alguns são empregados dos serviços, outros são professores e outros são gestores. O grupo é ainda composto por reformados, que decidiram preencher o tempo de que agora dispõem ao serviço da comunidade. Tencionam ajudar as crianças nos trabalhos escolares e promover diversas actividades com os moradores do bairro.

Perante o estado de abandono da escola, lembram-se de utilizar o pátio. É aí que se começam a encontrar com os mais novos e a reunir-se com os moradores, definindo em conjunto o que se pode começar a fazer. Há quem queira aprender a jogar xadrez. Há quem queira aulas de dança e sessões de ioga. Há até quem gostasse de saber utilizar um computador.

A pouco e pouco, as salas da escola abandonada vão acolhendo as diferentes actividades. Para as despertar da letargia em que se encontravam fazem-se pequenas obras. Substituem-se vidros partidos e colocam-se telhas novas nos sítios onde chove. Pintam-se paredes e arranjam-se algumas portas. A dado momento, pode já começar-se a pensar em criar uma pequena biblioteca, projectar filmes e abrir um espaço com computadores. As reuniões com os moradores começam a ter lugar entre muros, no edifício revitalizado.

A autarquia constata, entretanto, que a escola desocupada deixara de o estar. Apercebe-se das actividades que aí têm lugar e descobre uma coisa rara: essas actividades não são o menu definido por «técnicos sociais» encartados, tantas vezes especialistas em saber de antemão o que as pessoas precisam, mas sim o fruto de decisões colectivas e participadas. O ponto de encontro entre as competências dos voluntários e os interesses da comunidade.

Surgem, naturalmente, problemas jurídicos: é necessário que a «ocupação da desocupação» esteja dentro da lei. O grupo de voluntários – e a própria população do bairro – compreendem isso. É preciso que se constitua uma associação e, por força das leis vigentes, que a cedência do espaço pela autarquia implique o pagamento de uma verba simbólica. Tal como importa, também, que se celebre um contrato entre as partes, de modo a formalizar – afinal – tudo o que até aí foi sendo concebido e materializado de modo espontâneo, democrático e informal.

A autarquia, longe de equacionar o cenário de despejo (e muito menos o de um despejo coercivo), quer facilitar todo o processo. Porque – coincidência das coincidências – estava justamente em estudo, nos gabinetes da câmara, a possibilidade de reconverter o edifício da antiga escola num centro comunitário. Até já havia uma dotação prevista no orçamento, com uma parte destinada a obras de recuperação e outra parte destinada a remunerar a associação que ali se quisesse instalar, com o compromisso de desenvolver o projecto concebido para o bairro, no período de tempo previsto. Bastava acertar agulhas e ultrapassar as questões legais.

(Esta não é a história da Es.Col.A do Bairro da Fontinha. E não o é, essencialmente, por duas razões: porque na história da Es.Col.A do Bairro da Fontinha – que ainda não terminou – alguns dos seus protagonistas diferem do perfil aqui descrito. E porque, por isso, o preconceito e o atavismo – que nada devem à inteligência – contaminam o modo como o executivo de Rui Rio continua a encarar a Es.Col.A. O discurso que tece loas à iniciativa da «sociedade civil» e ao «empreendedorismo social» é uma retórica selectiva: não se aplica a todos).

Texto e imagem reproduzidos na íntegra dali (link). Assino por baixo!

Abril 22, 2012 at 12:18 pm 1 comentário

Uma imagem vale mais que mil bastonadas.

A policeman strikes AFP photojournalist Patricia Melo during the Portuguese general strike in LisbonImagem de Hugo Correia/Reuters (link).

Março 28, 2012 at 3:05 pm 1 comentário

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